Minha nada fácil vida

Cheguei à conclusão de que eu não devo ter sido uma pessoa muito legal nas minhas vidas anteriores.

É merecimento. Só pode! Pois essa é a única explicação aceitável para tudo que passo nesta minha existência.

Não é porque sou um menino de 12 anos que tudo é lindo e maravilhoso.

Para começar nasci no Brasil, “país do futebol”, e ainda não assisti a seleção brasileira passar das quartas de final. Tá, não sou o único que nunca viu a Seleção ser campeã e que se frustrou nas últimas Copas – Põe aí nessa conta umas 50 milhões de pessoas que nunca viram e 200 milhões que ainda se recuperam do último fiasco.

Desde muito novo tenho que enfrentar as implicâncias do Michel. Cara chato! Tem prazer em zoar os outros e vive pegando no meu pé. A última dele foi esvaziar os pneus da minha bicicleta e me fazer voltar para casa empurrando a bike. Eu sei que espírito de porco tem um monte por aí, e que não sou o único a sofrer na mão de gente assim. Adiciona umas 500 milhões de pessoas que também empoderam a sua resiliência e o seu caráter com esse tipo de treinador especial.

Ter uma stalker também não é privilégio só meu. Mas é irritante ter alguém (que você não quer perto de você) te cercando o tempo todo. A última da Alice foi me convidar para ser seu par na quadrilha. Eu somente danço quadrilha em um caso: se o ensaio é no horário de aula. Se não é, fujo da tia que fica berrando toda animada “Olha a cobraaaa!!!”, “Ééé mentiraaa!!”. Vamos combinar que é uma dança meio doida. O povo enfrenta cobra, incêndio e chuva, sem parar de se sacudir. Mas voltando à Alice, ela ficou toda chorosa, justo ao lado da minha mãe. Fui obrigado a ser seu par por uma questão “de empatia com a dor do próximo”. Gente, ficar sem dançar quadrilha causa trauma? Causa dor? Já sei que não sou o único a sofrer com paixões não correspondidas. Coloca nessa conta aí meio mundo.

Um fracasso em matemática. Por mais que eu estude, a desgraçada da matemática é imbatível. Tirei 12 na última prova (valia 100). Se não melhorar, não sei se chego vivo ao fim do ano. Obviamente não sou o único péssimo nessa matéria, mas tá difícil, viu?!

Ter a Pestinha como irmã. Ahhh, infelizmente isso aí, é carma só meu. Duvido que algum outro ser humano no mundo conviva com uma criatura igualmente infernal e já tenha se ferrado tantas vezes, enquanto ela só se dá bem.

Por tudo isso a minha vida é difícil, e às vezes é cansativo ser eu. 😣

Só que tudo na vida tem dois lados, né?!

E olhando para as coisas boas da vida tenho dois amigos sensacionais, aqueles do peito, tipo “irmãos de outros pais” (o Felipe e a Carol); apesar das broncas, meus pais me amam e fazem tudo por mim; sou esperto e criativo, e toda a minha desatenção não interfere nisto; o colégio é só uma fase difícil, e fases passam; estou de férias, e vou recarregar as baterias para fazer melhor quando voltarem as aulas, e ainda estou vivo (apesar da nota de matemática e da enrolação no aplicativo de mensagens). 😬

Bom ou ruim, desespero ou calmaria, copo meio cheio ou meio vazio, só depende do jeito que você encara… E eu escolhi encarar com humor! 🤡

E vocês, encaram a vida como?

P.S1: ilustração de Leon Marcel.

P.S.2: Minha conversa com a minha Suprema Rainha, Senhora de Toda a Razão, Mãe querida. 😘

12 comentários sobre “Minha nada fácil vida

  1. Giulia Rodrigues

    Huashaushaushau Encara com bom humor mesmo, porque um dia a Pestinha vai crescer e vai começar a levar bronca também!!! Eu tenho uma na família, mas é prima >< De qualquer forma, é gratificante a primeira vez em que você não leva culpa pelo que ela faz, mesmo que seja depois de adulto!!!!

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