A Hollywood brasileira é aqui

Minha mãe anda inovando nos castigos. O último dela foi me obrigar a gravar um filme com a Pestinha. Minha irmãzinha agora deu para querer ir além de tutoriais de cabelo. Está se achando o último biscoito do pacote e resolveu roteirizar, dirigir e atuar em um filme. Como não tinham pagadores de mico suficientes para os papéis e minha suprema rainha, na falta de uma colônia de férias, me fez de monitor ou recreador infantil, fui obrigado a participar.

Max, qual o problema de você ajudar a sua irmã nesse novo empreendimento dela? Acho muito interessante e criativa essa história de filme. Além do mais, você passará as suas férias com outras coisas e não só com o videogame – disse, encerrando o assunto.

A primeira vergonha alheia que senti foi ao ouvir o roteiro. A protagonista e sua fiel escudeira tinham que escoltar uma tiara amaldiçoada até os poços profundos de alcatrão quente localizados em uma terra mágica e distante (original pra caramba! 😒). A tiara tinha o poder de conferir beleza, força, brilho e maciez aos cabelos de quem a usava, sendo por isso cobiçada por todas as meninas desse lugar. Porém, ela tinha um lado oculto e sombrio, pois contaminava a mente e emoções daquela que a colocasse na cabeça. Meninas tinham se tornado déspotas terríveis, popozudas cruéis, até que uma sábia descobriu que a causa de tanto ranço era a joia, que precisava ser destruída. Na jornada, a personagem principal e a sua seguidora baba ovo enfrentariam vários perigos, entre eles ogros horrorosos, papel que coube a quem? Adivinhem!

A terra distante e perigosa virou o quintal aqui de casa, o da casa do Felipe e parte da rua. Os poços de piche foram representados por uma poça de lama que criamos no canteiro que minha mãe tinha destinado para fazer a sua horta. Acabamos com o seu projeto de alimentação orgânica. A joia maléfica era um arco de cabelo que a Pestinha decorou. O Felipe virou o câmera man, a Chica foi a sábia que revelou o segredo da joia. Já a Pestinha, obviamente era a protagonista, e a Alice a sua coadjuvante.

E eu, o monstro.

Já que eu teria que representar um ogro, um monstro rude e nojento, resolvi fazer igual aos atores de Hollywood. Mergulhei no laboratório. Passei três dias sem escovar os dentes e tomar banho direito.

Para falar a verdade, como eu não queria que a minha mãe percebesse que eu estava imergindo no personagem, eu ia para o banheiro e ligava o chuveiro. Entrava, me molhava e saía em seguida. No dia da filmagem eu fui além: não passei desodorante.

Isso trouxe realismo ao filme, pois as meninas todas as vezes que contracenavam comigo faziam uma careta terrível, daquelas que transmitem ao espectador sensações de puro horror e, até regurgitaram.

Me senti o próprio atorzão, digno de um Oscar!

Imaginei até a Chica fazendo o discurso de entrega da estatueta.

Forrr dã fãrrsti taime in istori uwi si ãn aquitor daive sô dipli intu ã rrôl. Endi dã Oscar gous tu, Max! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

E aí, o que achou da premiação na categoria “Melhor ator”? 🤔🤔

E vocês, o que fizeram nessas miniférias? Já participaram de alguma obra prima do cinema? Comentem aí!

PS1: ilustração do Leon Marcel.

PS2: meme do Buzzfeed.com

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