Definição de extinção – Subst. feminino. Aniquilamento; destruição definitiva e absoluta de algo ou de alguém. Ou ainda, podemos definir como o hadouken de mãe pistola porque comeram o Doritos dela.
Pois é, quase fui extinto! Provoquei a fúria de uma deusa ancestral (não é no sentido de velha, hein? 😉), que define as regras aqui de casa, impõe a ordem e a justiça, mas é implacável quando desobedecida.
Acontece que minha mamãe querida, que além de deusa, é cozinheira de mão cheia, tinha programado um jantar mexicano para este domingo que passou. Ela recebeu uma amiga do trabalho, acompanhada do marido, e a intenção era que elas tivessem uma refeição perfeita e memorável.
Minha mãe passou a semana toda elaborando o cardápio: nachos com guacamole de entrada, tacos variados e de sobremesa “chimi-alguma coisa de banana”. No domingo ela estava uma pilha. Ficou a manhã e a tarde na cozinha preparando tudo. Pediu que Pestinha e eu nos comportássemos e que eu estivesse cheiroso e de roupa limpa quando as visitas chegassem (que ideia ela tem da minha pessoa 😒).
Às sete da noite a campainha tocou. A Pestinha, de vestido rosa com estampa de unicórnios, look que a fazia parecer até uma menininha de bom coração, correu para abrir a porta. De repente, uma gralha entra no recinto. Uma mulher alta e muito magra, falando num tom agudo e elevado, e que ria estridentemente. Estava acompanhada de um senhor baixinho e careca que murmurava “sim, meu bem” após cada ordem, mascarada de pedido, que a gralha dava.
– Aceitam um aperitivo? – perguntou meu pai.
O baixinho levantou timidamente o dedo indicador como se estivesse em sala de aula pedindo para ir ao banheiro enquanto o professor explica a matéria no quadro negro.
Mas aí, a gralha interveio:
– Clodoaldo, meu amoorrrzinho… Nada disso! Você sabe que a sua vesícula depois vai chiar. Oscar, por favor, traga só para mim.
Meu pai, que já me explicou que com mulher a gente nunca discute porque não há como vencer uma discussão, entendeu a posição delicada do homenzinho e saiu da sala todo sem graça repetindo um “fiquem à vontade” que até o final da noite virou o seu bordão.
Minha mãe, atarefada na finalização dos pratos e provavelmente achando que ia entregá-los aos jurados do Mestrechef não saía da cozinha e nos deixou com a tarefa de fazer sala para as visitas.
Caramba! Não tem coisa mais chata do que ser obrigado a fazer sala para adulto. Não dá para conversar sobre quase nada interessante. 😬🙄
Quando meu pai retornou com um líquido transparente em uma taça bonita, na qual se via duas azeitonas verdes enfiadas em um palito, os olhinhos do Clodoaldo brilharam e ele, em uma rapidez que lembrava a do Usain Bolt, agarrou o palitinho e enfiou uma das bolotas verdes na boca.
– Clodoallldooo!! – berrou a gralha. – Cospe isso! Anda! Sua vesícula não aguenta – concluiu, abrindo a palma da mão.
Eu já estava até com pena do Clodoaldo. A gralha intimidava. Ficamos, papai, Pestinha e eu sem saber onde enfiar a cara.
Meu pai, roxo, mandou um “fiquem à vontade” e abandonou o barco. Correu para a cozinha para tirar a mamãe de lá. Se íamos sofrer com a vergonha alheia, que a dona Manuela pelo menos estivesse junto. Foi então, que o pior aconteceu.
Minha mãe adentrou o cômodo me encarando com um olhar que enfartaria qualquer um. O Chuck Norris que é considerado uma lenda sobreviveu a apenas dois infartos seguidos.
Já eu, tenho uns vinte por dia a cada vez que ela me olha atravessado ou me chama de “Maximiliano”. Quando ela pousou a mão no meu braço e cochichou entredentes “Maximiliano, cadê os pacotes de salgadinho tipo nacho?”, eu senti que o negócio ia ficar feio.
Eu já comentei aqui no blog que adoro aqueles triângulos dourados cobertos de pozinho imitação cheddar. É simplesmente irresistível! Pois, eu havia comido. Os dois! Um na sexta e outro no sábado, logo depois que meus pais foram deitar. Vamos combinar que não tem nada melhor do que assistir uma boa série comendo um pacote de salgadinho saboroso e crocante.
Quando eu confessei que tinha comido tudinho, minha mãezinha querida quase me detonou da face da terra. QUASE! Fui salvo…
Salvo pela vesícula do Clodoaldo. Dá-lhe vesícula! Nunca fiquei tão agradecido a um órgão desconhecido e menosprezado.
Segundo a gralha, ele não podia nem sentir o cheiro daquela maravilha geométrica que a vesícula já berrava.
Minha mãe teve que servir o guacamole com torradinhas e eu permaneci vivo. 🙂
E vocês, já comeram algo que não podiam? São sinistros tipo o Chuck Norris? Já tiveram uma experiência de quase morte? Comentem aí!
PS1: imagem da Superinteressante.
PS2: imagem da lenda, retirada da internet.
É por isso que eu escondo os meus antes do meu irmão descobrir que eles existem!!!!! Hsuahsuahsua
CurtirCurtido por 1 pessoa
Pois é! Ela me disse que agora também vai esconder. Foi tenso! Só não sofri represálias graças à vesícula do Clodoaaallldoooo. 😰😬
CurtirCurtir
Pensei que minha mãe era a única que falta matar todos na casa quando vamos receber visitas haha Fico feliz em saber que não sou a única a sofrer com esse estresse maternal 🙂
CurtirCurtido por 1 pessoa
Kkkkkkkkkk… caramba toda mãe é igual, só muda de endereço…isso deve fazer parte do manual de mãe! 😜
CurtirCurtir